terça-feira, novembro 13, 2007

Fuga momentânea

A graciosidade atravessava o nevoeiro num manto espesso salpicado de negro. As mãos cortam, mas é a lâmina que sente. Oscilante, o derradeiro final que atinge no escuro...

Mas que delírio insustentável e quente que me percorre os dedos é este?
Foi com sentimento híbrido de culpa que a inocência pecou. A sua aversão não é nada mais do que puro e autêntico prazer.
A manifestação angustiante da atrocidade cometida, torna-se na alegria incessante que nos envolve com o percorrer do interminável caminho que se depara. O frenesim que refreia cada acção, embora todas dúvidas sejam questionadas por uma crença demente traduz-se no instinto animal que se revela cada vez mais forte. Espelhos do meu reflexo transmitem a verdade distorcida da realidade que habita em mim.
Todo este dualismo é como que dois mundos que se anulam ao tentar coexistir na minha mente.




4 comentários:

Excelsior disse...

...

*sorrindo*

(Vá, minha vez de "inverter os papeis. Faço eu de "Lewis" agora, em alguns posts meus...)

Temos aqui um texto que fala de nevoeiro. E a seguir, de cortes e lâminas, e coisas quentes a escorrer (será sangue?).

Este texto parece-me claramente a alusão a Dom Sebastião que, coitado, se cortou ao graciosamente tentar fazer a barba, perdido no raio do nevoeiro de onde nunca mais encontra a saída. E o simpático monarca ainda descobre que gosta de dor, quiçá um viciado em masoquismo.

...

(Brinco um pouco apenas, amigo. Agora a sério...)

Profundidade complexa, com um sentir muito palpável, uma sensação de "contemplação do abismo"...

...Dualismo...

...e é nesse confronto, nessa ambiguidade, nesse constante anular de vontades tão idênticas em intensidade, tão diamétricas na sua posição relativa, que se consegue eventualmente encontrar o Centro, a Harmonia através do Conflito.

O grande problema, é quando nós, conscientemente, alimentamos um lado, em detrimento do outro. Quando há desequilibro induzido... o processo natural esgota-se.

E pode esgotar-nos.

Lewis disse...

Foi no alto daquela muralha que D.Afonso Henriques....blá...blá...
Não, não consigo ser como o Prof. Saraiva.
Quanto ao texto que escrevi,não tem nada em particular. Apenas visualizei uma cena na mente e fui dando asas ao imaginário (a dita diarreia cerebral).
Se te lembras de ter dito de ter prai uns 3 cadernos com cenas do tipo.

kakauzinha disse...

Se o D. Sebastião e o D. Afonso Henriques se encontrassem a meio do nevoeiro, no alto daquela muralha, perguntariam...

- QUEM ÉS TU?

... e responderiam... num Impulse... sentindo no ar um cheiro a Axe...

- NINGUÉM!

Lewis disse...

A axe? Mas El Rei fumava ganzas? e todo aquele nevoeiro, era El Rei a fumar???